segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Sábado de sol - às vezes mais vale a sombra do Futrica

Quando o astro-rei dá a alegria de enfeitar um sábado na cidade de Juiz de Fora, aqueles que se empenham na arte do butiquim se ouriçam mediante as fartas possibilidades de molhar a garganta e saborear estupendos tira-gostos na diversidade de botecos que a cidade oferece.

Muitos preferem ficar ao ar livre, fato este compreensível, tendo em vista o calor. Vide o aglomerado que se forma no respeitável Bar do Léo, no bairro Jardim Glória e nas milhares de calçadas tomadas respeitosamente por mesas de bares. Eu, como alguns sabem acho algo de grandioso a mesa na calçada. Já disse em meus poemas que a mesa na calçada favorece observar as moças que desfilam impunemente, permite ver aquele amigo ou amiga que de carro passa, e chamá-los para compor o time neste derby decisivo.

Mas quando a sede aperta nas manhãs de sábado, quase sempre vem a minha mente um dos mais famosos e tradicionais bares desta cidade, o Bar do Futrica. Esta jóia do mapa da boemia juizforana existe desde 1957 e promove a união de elementos indispensáveis ao boteco. Em primeiro lugar a cerveja estupidamente gelada. Lá você encontra todas elas. Além disso, o carro-chefe da casa, ainda perfeito, o chope da Brahma, estalando de gelado. Em segundo lugar, o bar vive uma atmosfera de paixão pelo futebol contagiante. Seus proprietários são grandes promotores do ludopédio descontraído, vulgarmente conhecido como pelada. Em terceiro as comidas, que merecem parágrafo especial.

Resumidamente no Futrica minha felicidade se amplia devido a algo que poucos bares preservam: tira-gosto de estufa. Tal item permite uma conveniência maravilhosa. Explico: eu estou ali no balcão e quero tomar um chope e tirar um gosto com algo de sabor efetivo. Posso pedir uma linguiça. Isso, apenas uma linguiicnha, que poderei cortar eu mesmo com garfo e faca, apimentá-la deliciosamente e satisfazer minha vontade. Encontra-se também, no calor que embassa o vidro da dita cuja estufa, um excelente quibe e um belo bolinho de bacalhau. Este último, peço que tenham atenção, é especificamente de boteco. Quem quiser comer bolinho de bacalhau com bacalhau do porto, que coma o bacalhau puro, certo? Bolinho é outro assunto.

Fora da estufa você pode se deliciar com o tradicional churrasquinho com maionese. Uma carne honesta no espeto, com uma maionese de batatas, que enchem os olhos, servidos no prato, para se comer com garfo e faca, ou como você bem entender.

Atraindo inúmeros curiosos, lá você encontra a famosa Pizza Grega, que sabe-se lá tem esse nome. Diferente dessas coisas que encontramos em rodízios perfumados, a pizza do Futrica tem massa embaixo e em cima, e queijo do tipo reino. A massa, meticulosamente feita com menos farinha, a torna leve e deliciosa, ainda mais macia devido a sua junção celestial com o queijo.

Pode-se comer um prato feito todos os dias. E aos sábados, a melhor feijoada da cidade. Peço desculpas aos demais amigos dos botecos da cidade mas é a pura verdade. A feijoada do Futrica é algo que "não se deveria comer sem estar de joelhos e no máximo pensando na mulher amada" como diria Vinnicius de Moraes.

É por isso, meus amigos e amigas, que mesmo nas manhãs mais quentes eu escolho esse bar, muitas vezes pouco fresco, localizado numa galeria fechadinha, carinhosamente apelidada de galeria dos pobres, para dividir com pessoas especiais, as manhãs e inícios de tarde de sábado.

E vale dizer, caso não tenha companhia, que o Futrica é um daqueles botecos que a gente boa já vem com o bar. Basta ir, acomodar-se ao balcão e desfrutar de boas horas de felicidade.






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2 comentários:

  1. É verdade, a melhor feijoada da cidade. Descrição perfeitinha do Futrica!

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  2. Eu sempre quis a receita da "pizza grega".
    A feijoada é TOP.

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