segunda-feira, 1 de agosto de 2011

São João Del Rei: botecos que honram a tradição mineira

Fotos: Cecília Malavoglia 



Caros amigos e amigas, último final de semana das férias merecia um passeio que unisse a vontade de descansar com a possibilidade de boa música, comida,  e é claro um espírito mineiro para acalentar a alma. Quem é das Gerais - ou simplesmente se apaixonou por essa terra -  sabe o que quero dizer.

O destino: São João del Rei.

Se de certa forma o objetivo central era ouvir Elza Soares acompanhada do Farofa Carioca, Jaques Morelenbaum e seu Cello Samba Trio e Jorge Ben, o passeio sempre se torna um bom pretexto para conhecer novos botecos, restaurantes e casas do tipo. O centro da cidade facilita o trânsito, aos poucos vão surgindo os estabelecimentos, misturados com a paisagem local, entre monumentos, praças, igrejas. A boemia se funde ao barroco, a cerveja gelada, um papo rococó. Perfeito para um boteco: infindáveis reflexões entre o pecado e a moral cristã, sem fim, ou sem ousar chegar a algum lugar que não seja a própria dúvida.

Nas idas e vindas por botecos e restaurantes, dois tira-gostos me ganharam, facilmente.Vamos por partes.

No simpático restaurante com clima de bar, chamado Dedo de Moça, serve-se um incrível acarajé mineiro. A receita segue a linha tradicional do acarajé baiano, trocando aparentemente, o tipo de feijão. 


Os acarajés vem em um tamanho pequeno, propícios para o tira gosto. Junto, quatro tipos de recheio: carne-seca, linguiça, requeijão e vinagrete com capim-santo, receita especial da casa. O prato é impecável. Talvez eu diria que o tamanho da porção poderia até ser maior. Mas a qualidade do prato supre qualquer coisa. Eu diria, meus queridos e queridas, que é impossível não deixar rolar mais de uma porção desse tesouro. O chope da Brahma é bem tirado e gelado. Um atendimento excelente. Mesas na varanda permitem que você passe uma bela tarde com os amigos, divagando, vivendo.

Já o Armazém Choperia, além da Antártica Original estalando, de um tutu de feijão de comer de joelhos, oferece aos fregueses um incrível bolinho de feijão tropeiro. A massa de feijão é leve e temperada, e dentro dos bolinhos, uma generosa quantidade de couve e bacon. Frito porém sequinho, devidamente crocante. Esse bolinho me fez ceder dentro de minha radical e tradicionalista visão sobre a comida mineira. A cidade é barroca mas esse tira-gosto é antropofágico, moderno. 

 
No Armazém pode-se praticar uma das mais consagradas modalidades olímpicas de botequim: beber numa mesa na calçada. O bolinho sai rápido e enquanto você o espera, pode bater um papo com um garçom santista, gente fina.

Caberia ainda destacar a deliciosa batata a parmegiana com camarão do Velho Chico e  a comida deliciosa do Villeiros.

Por ora, constatei que preciso voltar a cidade para repetir o feito e conhecer novas delícias. Ainda há muito que desbravar nessa terra. Lá, permito-me ser, não um inconfidente nas ruas, mas um confidente nas mesas de bar.