quarta-feira, 3 de abril de 2013

A "Real" boemia de Juiz de Fora

Rainha, muito mais que um bar e lanchonete
Alguma coisa acontece no coração de Caetano Veloso quando o tropicalista cruza certo trecho da avenida São João, em Sampa. Eu, por minha vez, sinto é uma bela pontada no fígado toda vez que passo pela homônima rua juizforana. Sim queridagem, estamos em mais um solo sagrado da boêmia da cidade – sagrado, não, monárquico. A Manchester em questão é mineira, democrática e não canta god save the queen. Mas cá nós temos também nossa própria dinastia: os bares Rei e Rainha.

Como os incautos e incautas leitores já se aperceberam, me refiro aqui a dois distintos bares (há ainda um terceiro, mais jovem, trataremos dele adiante). O Rei e o Rainha funcionam na mesma rua, na parte baixa da Barão de São João Nepomuceno. É curioso perceber que a via não leva o nome do sacro evangelista do amor, mas sim de um improvável senhor de terras. Admito aqui que não faço a menor idéia de quem tenha sido esse tal barão. Vale a lembrança, entretanto, da cidade de mesma alcunha, vizinha a Juiz de Fora e internacionalmente conhecida como berço de grandes sambistas e intensa boemia, principalmente nos dias em que o Momo é rei. Não importa para onde vamos, é a cerveja que encontramos. Bela sina. Sigamos em frente.

Sois Rei! Sois Rei!
Tomemos o que distingue os estabelecimentos. O Rainha encontra-se mais próximo à Batista de Oliveira, quase numa esquina, espaço concebido por Deus para localizarem-se as tradicionais mesas de plástico, junto às quais vamos gelar a goela após o fim de expediente. Ali, no alaranjado trazido pelo sol que se esconde atrás do Morro do Cristo, a queridagem se reúne para celebrar o dia que se encerra, ou o fim de semana que se inicia. O aperitivo vem direto da estufa: ali encontramos os mais tradicionais quitutes da baixa gastronomia butequeira. Ao iniciar-se a noite, os apaixonados solitários esperam seu possível amor surgir na balada emitida pela jukebox estrategicamente localizada no interior do local. Fixemos nossa atenção nesta, ela será importante no futuro.

Por sua vez, o Rei, mais próximo à Getúlio Vargas, divide-se entre a nobre arte do almoço e a caridosa companhia da madrugada. O estabelecimento disponibiliza a sua clientela as mais diversas opções de PF para sustentar nossa labuta, além de, na solidão das altas horas da noite, nos acolher com quentes caldos e cerveja gelada, quando outros, ditos, ilustres butecos já encerraram suas atividades. O local ainda recebe os mais distintos torcedores nos finais de semana, necessitados de um espaço cativo para o espetáculo ludopédico brasileiro. Registre-se, estampados nas paredes, os escudos dos quatro grandes times do Rio, bem como o do grande galo mineiro – o Carijó de Santa Terezinha.

Rei - cachaça e atendimento de alto nível
As nobres e os nobres colegas de boemia hão de notar um certo ar de segredo e até de rivalidade que separa e ao mesmo tempo aproxima os estabelecimentos. Reza a lenda entre os boêmios mais velhos que o Rainha teria sido o primeiro a estender suas mesas pelas pedras portuguesas que enfeitam aquelas calçadas. Contudo, possíveis desacordos quanto à seleção de músicas na jukebox (sim, ela) teriam levado a inevitáveis cisões internas entre os proprietários, motivando o surgimento do Rei.

A contenda só teria sido resolvida em tempos recentes, mediante a atuação da turma do “deixa disso”. A questão não só foi pacificada como ainda teria dado origem ao Princesa, uma joint venture entre as partes, especializada em pequenos lanches disponibilizados aos pobres estudantes que se amontoam diariamente para subir à UFJF.

A paz selada entre Rei e Rainha só veio trazer o bem à Princesinha de Minas. Hoje, temos a disposição outras belas opções para as necessárias tardes-noites-madrugadas de álcool, quitutes e queridagem. Viva a boemia, viva o Rainha, viva o Rei! Hip-hip, úrra!

4 comentários:

  1. Troco meu almoço pelo "pão com carne" do Rainha, pelo menos uma vez por semana. Na noitada, sempre tem uma moelinha e um figuinho de galinha (excelente) para acompanhar a sempre gelada cerveja. Dizem que é um dos maiores vendedores de cerveja de JF, dentre os butecos da cidade. God Save the Queen!

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  2. Comemorei a primeira vitória de Lula no Rainha. E tantos outros belos momentos no Rei! Buteco é vida e memória!

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  3. Mas eita...
    Blog redondinho, ~conteúdo de primeira!

    Falta ai uma pagina qualquer no facebook pra gente compartilhar..!

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  4. Estive uma temporada ai em JF e experimentei tudo de bom que os bares da cidade tem a oferecer

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