Eis que meu amigo e parceiro de samba Carlos Fernando me manda uma mensagem: "sambinha informal no Caminho da Roça!". É a senha, o código secreto.
Havia algum tempo que eu não ia ao Caminho da Roça. Na última vez, o bar ocupava a metade do espaço de hoje. Como já tinha freguesia fiel, era necessário se apertar para poder tomar umas cervejas e comer o torresmo da casa. Torresmo esse - diga-se de passagem - é um dos melhores da terra, e compete de igual para igual com qualquer um da Princesa de Minas.
Retorno ao Caminho da Roça, mais amplo, porém ainda acolhedor e mantendo a lógica do bom boteco: cerveja gelada de preço honesto, torresmo de barriga saindo a toda hora, batata e salsicha em conserva, logo ali no balcão, decoração eclética com rádios antigos, garrafa de pata de vaca e mais um monte de coisas penduradas pelas paredes que por si só não fariam sentido, mas que compondo o ambiente parecem perfeitas. O Léo, dono do bar, incorpora essa função com zelo e categoria. Passeia entre as mesas, serve com presteza, toma uma cervejinha para aliviar o calor, decora rapidamente teu nome tua cerveja predileta.
O samba começaria as 16 horas.Aos poucos a rapaziada vai se acomodando e formando uma grande mesa, com muita cerveja, cachaça e torresmo. Eu, para acariciar o estômago peço uma jurubeba - santo remédio - diga-se de passagem.Carlos Fernando - esse filho da Vilsa Isabel - não deixa barato e entoa sambas de Noel, Martinho e Luis Carlos da Vila. No primeiro de Cartola, eu brinco: "Vila 3, Mangueira 1".
Carlos e seu inseparável pandeiro, ao lado do violonista e torcedor do Náutico, Alexandre. |
Aos poucos o bar está lotado, mesas e calçada ocupada. As pessoas que saem do trabalho olham para dentro do bar com sorrisos estampados no rosto. Alguns param e ficam por ali para participar da Santa Ceia.
O coral se forma para cantar sambas de ontem e hoje, exorcizar o ano que passou e dar boas vindas ao que chegará, na esperança da canção, de que será no mínimo melhor. E assim, a tarde dá lugar a noite, e nós celebramos a felicidade real, em uma espécie de festa que faz muito mais sentido do que qualquer formalidade que o final de ano poderia trazer.
O Caminho da Roça fica na Rua Espírito Santo, 738, no centro de Juiz de Fora.
Conheça aqui (www.carlosfernandocunha.com.br) o trabalho do Carlos.
Você está se tornando meu cronista favorito! Adorei a leitura.
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