Os botecos do Mariano Procópio estão lá, no mínimo desde 1941, quando a Unidos de Mariano venceu o carnaval de Juiz de Fora, comandada por um dos maiores sambistas que o Brasil já ouviu, João Cardoso.
Em tempos que não existia a Avenida Brasil, e as ruas prodigiosas, como a Feliciano Pena, chamada de Rua Nova, e a Duarte de Abreu - conhecida como Rua do Rex por abrigar o cinema de mesmo nome - terminavam numa relva verde que beirava o Paraibuna límpido, onde se pescava e nadava.
Lá no Mariano viveram, e ainda vivem meus familiares queridos, os Andrade, e por consequencia lá eu cresci e vivi os grandes momentos da minha vida. E o Mariano sempre foi um lugar especial.
No Mariano aconteceram os primeiros amores, as brigas de bairro, os primeiros porres, a descoberta do significado da palavra amizade. Do mariano eu ia a pé a Santa Terezinha, assisitir treinos e jogos do Tupi F.C, quando este ainda jogava no glorisoso Estádio Sales de Oliveira.
Cercado de botecos das mais diversas categorias, circundados por casas noturnas a moda antiga, onde casais dançavam por toda madrugada, era e ainda é um ponto onde se cruzam as mais diversas figuras da fauna juizforana. Frequentadores de gafieiras, sambas, forrós, bailes funk, botecos, transitavam entre nós. Um clima de boemia com heterogeneidade ímpar nessa cidade.
Meu pai sempre dizia:
- É o Brooklin brasileiro! Onde tudo acontece!
A Rua Mariano Procópio tem uma jóia antiga e refinada, o Pró-Copão, um dos mais tradicionais bares da cidade e que sempre fez parte do cotidiano do bairro. Logo após o Museu havia o Bar do Cacá, um ambiente com pouco mais de 20 metros quadrados, onde a especialidade da casa sempre foi a cerveja mais barata do mercado, bem gelada, e a batata em conserva. Sim, apenas isso. Muitas vezes o pouco é muito. Ainda era possível comprar lá, uma cachaça de preço baixo, com nome genérico de "pinga da roça".
Na década de 1970 havia logo a frente um dos mais aclamados bares da história de Juiz de Fora, o Bigode do Vovô, de onde saía o bloco "As Bigodetes" que reunia homens vestidos de mulher e mulheres vestidas de homem. Até hoje essa turma se reune no final de ano para lembrar esse tempo maravilhoso.
Já na Rua do Rex, ainda presente nos dias de hoje, o Bar Cordial, sempre chamado de Bar do Ciro, nome de seu proprietário. O local ganhou oficialmente esse nome após a morte do Seu Ciro. Lá eu costumava ir nas manhãs de sábado com meu pai, em tempos idos, onde minha bebida ainda era a Coca-Cola. Aos domingos saía um pastel, de massa caseira. Nunca me esqueço das sábias palavras de Zé Pressão, caminhoneiro gente fina, sempre presente ali, quando alguém queria saber qual pastel era qual.
- Você faz o seguinte. O sem nada é de queijo, o que só tem batata é o de carne.
Obviamente uma brincadeira. O pastel era excelente. Mas a especialidade da casa era o Pão Molhado. Um pão francês embebido num molho incrível de moela. Tal iguaria de boteco era não só apreciada pelos boemios, como também por crianças, que nos anos 70 e 80 costumavam comprar e levar para a escola como merenda.
Botecos não faltavam. Nunca me esquecerei do Pedra 90, que tinha uma curiosa placa: "Pedra 9nta". E como não falar do "Olho Vivo", lugar apertado, com porta de molas, como aquelas de Saloon de filme de bang-bang. Lá dentro a música ao vivo rolava solta nas madrugadas.
O mais engraçado é que poucas vezes me sentei nesses lugares para beber cerveja. Eles fizeram parte da minha vida, do meu imaginário, talvez tenham contribuído para minha paixão pelos botecos. O Mariano sempre teve essa alma de boteco, onde passam todos tipos de pessoa, em busca de diversão, uma boa conversa
Em tempos que não existia a Avenida Brasil, e as ruas prodigiosas, como a Feliciano Pena, chamada de Rua Nova, e a Duarte de Abreu - conhecida como Rua do Rex por abrigar o cinema de mesmo nome - terminavam numa relva verde que beirava o Paraibuna límpido, onde se pescava e nadava.
Lá no Mariano viveram, e ainda vivem meus familiares queridos, os Andrade, e por consequencia lá eu cresci e vivi os grandes momentos da minha vida. E o Mariano sempre foi um lugar especial.
No Mariano aconteceram os primeiros amores, as brigas de bairro, os primeiros porres, a descoberta do significado da palavra amizade. Do mariano eu ia a pé a Santa Terezinha, assisitir treinos e jogos do Tupi F.C, quando este ainda jogava no glorisoso Estádio Sales de Oliveira.
Cercado de botecos das mais diversas categorias, circundados por casas noturnas a moda antiga, onde casais dançavam por toda madrugada, era e ainda é um ponto onde se cruzam as mais diversas figuras da fauna juizforana. Frequentadores de gafieiras, sambas, forrós, bailes funk, botecos, transitavam entre nós. Um clima de boemia com heterogeneidade ímpar nessa cidade.
Meu pai sempre dizia:
- É o Brooklin brasileiro! Onde tudo acontece!
A Rua Mariano Procópio tem uma jóia antiga e refinada, o Pró-Copão, um dos mais tradicionais bares da cidade e que sempre fez parte do cotidiano do bairro. Logo após o Museu havia o Bar do Cacá, um ambiente com pouco mais de 20 metros quadrados, onde a especialidade da casa sempre foi a cerveja mais barata do mercado, bem gelada, e a batata em conserva. Sim, apenas isso. Muitas vezes o pouco é muito. Ainda era possível comprar lá, uma cachaça de preço baixo, com nome genérico de "pinga da roça".
Na década de 1970 havia logo a frente um dos mais aclamados bares da história de Juiz de Fora, o Bigode do Vovô, de onde saía o bloco "As Bigodetes" que reunia homens vestidos de mulher e mulheres vestidas de homem. Até hoje essa turma se reune no final de ano para lembrar esse tempo maravilhoso.
Já na Rua do Rex, ainda presente nos dias de hoje, o Bar Cordial, sempre chamado de Bar do Ciro, nome de seu proprietário. O local ganhou oficialmente esse nome após a morte do Seu Ciro. Lá eu costumava ir nas manhãs de sábado com meu pai, em tempos idos, onde minha bebida ainda era a Coca-Cola. Aos domingos saía um pastel, de massa caseira. Nunca me esqueço das sábias palavras de Zé Pressão, caminhoneiro gente fina, sempre presente ali, quando alguém queria saber qual pastel era qual.
- Você faz o seguinte. O sem nada é de queijo, o que só tem batata é o de carne.
Obviamente uma brincadeira. O pastel era excelente. Mas a especialidade da casa era o Pão Molhado. Um pão francês embebido num molho incrível de moela. Tal iguaria de boteco era não só apreciada pelos boemios, como também por crianças, que nos anos 70 e 80 costumavam comprar e levar para a escola como merenda.
Botecos não faltavam. Nunca me esquecerei do Pedra 90, que tinha uma curiosa placa: "Pedra 9nta". E como não falar do "Olho Vivo", lugar apertado, com porta de molas, como aquelas de Saloon de filme de bang-bang. Lá dentro a música ao vivo rolava solta nas madrugadas.
O mais engraçado é que poucas vezes me sentei nesses lugares para beber cerveja. Eles fizeram parte da minha vida, do meu imaginário, talvez tenham contribuído para minha paixão pelos botecos. O Mariano sempre teve essa alma de boteco, onde passam todos tipos de pessoa, em busca de diversão, uma boa conversa
Pedra 90! Mais um bar cujo nome estará pra sempre estampado na minha memória.
ResponderExcluirÀs vezes fico triste por não ter tomado pelo menos uma cerveja em alguns destes bares tão tradicionais e que marcaram época.
Beleza de texto, Tiago!
Lindo, Tiago, belo texto.
ResponderExcluirMeu bisavô, o Zé Mauad, teve na cidade natal de minha mãe, Descoberto, um bar em que se fazia comida libanesa. No alto de seu pé-direito altíssimo, havia um misterioso balde de lata, coberto por casas de marimbondo enfileiradas. A única vez que tive a audácia em perguntar ao saudoso Dival Mauad, meu avô, ele respondeu que dava sorte. Que não era para se mexer. Deixa lá, não faz nada com ninguém.
Sua viúva, hoje, minha vó Luiza, com um adiantado da Caixa Econômica, ou talvez com o dinheiro do aluguel, confesso que não tirei essa história a limpo, mas a verdade é que além de ter reformado a casa da família onde minha mãe foi criada, ela alugou o antigo "bar mauad, Quibe Cota Mauad" para funcionar nele mais uma novíssima agência do Banco do Brasil. Sai o balde, entra a poupança. E sem casa de marimbondo.
Beijão
Acho que nos tempos liberais de hoje em dia, eu posso esperar meu afeto pela sua pessoa: eu te amo, rapaz! Continue a escrever.
Expressar! rsrsrsrsrsrsrsrs
ResponderExcluirQuerido Kadu, que história bonita! Um bar é essa mistura incrível de todos sentidos e crenças. Te amo também, meu amigo! Podemos mais que nunca expressar nossos sentimentos!
ResponderExcluirUm abraço
"Meu pai sempre dizia:
ResponderExcluir- É o Brooklin brasileiro! Onde tudo acontece!"
hipsters... aff. hahahahaha
O pão molhado surgiu porque alguns amigos que ali lanchamam certa noite,alguém segundo meu pai sugeriu que seu Ciro fizesse em vez do pão com moela um pão molhado,daí então o sucesso foi grande.
ResponderExcluirSaíamos do Granbery, onde fazia eletrônica, naquele vemaguete do colega Gilberto, para comer pão molhado no Ciro.Era o famoso pm.
ResponderExcluirGeraldo Magela(eu), o Parreirinha, o Gilberto,dono da Vemaguete e Sergio.
ExcluirQuanta saudade.
ResponderExcluirLindo texto, Tiago! Tão fiel que nos transporta áqueles tempos onde, ainda crianças, usufruíamos de toda essa preciosidade. Parabéns!
ResponderExcluirParabens Tiago ( Oswaldinho ) belo e verdadeiro texto
ResponderExcluirO Tiago muito bonito mas é plágio puro pois este texto foi feito a mais de 30 anos atrás pelo tifunero que mora em Brasília os méritos são todos dele.
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