O buteco é grande. Ocupa o espaço aparente de duas lojas.
Muitas mesas se espalham ao longo do imóvel, sempre ocupadas de gente com sede
e apetite. Na porta, um grupo volumoso de pessoas se concentra e conversa em voz alta. Alguns falam de futebol, outros jogam uma acalorada "porrinha". Todas as mesas estão bem servidas de petiscos e cervejas e os sorrisos dominam o rosto das pessoas que papeiam. Homens e mulheres de idades variadas, algumas mesas apenas com mulheres.
Tudo em ordem e dentro da normalidade. Um buteco grande, um complexo de alegria e boemia que opera bem. Comum? Até você perceber que a Dona Sônia
dá conta de tudo isso sozinha.
A estufa é a chave da porta do paraíso. |
Inevitável começar a falar do Paraíso do Morro da Glória sem
tratar desse fato tão interessante. Uma senhora simpática, proprietária do
local, cuida do balcão, das mesas, da cozinha e dos refrigeradores – e pasmem- sozinha!
Dona Sônia não é de falar muito. Mas quando provocada troca algumas palavras e sempre deixa escapar um sorriso simpático de quem é boa gente. Inevitável depois de alguns minutos chamá-la de tia.
Tudo funciona bem nesse buteco.
Naturalmente se você é uma daquelas pessoas que importou seu
conceito de eficiência dos cursos de MBA em Administração de Empresas, esqueça.
Seu lugar não é aqui. Aliás, seu lugar não é buteco. Vá ao MC Donald’s. Lá lhe
servirão bem rápido qualquer porcaria.
Buteco tem sua própria lógica de eficiência e qualidade de
atendimento. Começando pelo fato de em buteco não existe cliente, existe freguês,
sobrinho e até sócio honorário. Cliente quem tem é multinacional.
Há tempos venho conservando a vontade de escrever sobre o
Paraíso. Tarefa difícil tendo em vista que nosso amigo e colaborador Airton
Soares já havia feito em seu blog. De qualquer forma, homenagens a essa jóia
nunca são demais.
Paleta, batata e linguiça. Incrível! |
Fui apresentado a esse literal Paraíso pelos meus parceiros
Carlos Fernando e Roger Resende com quem lá passei algumas horas, naturalmente,
falando sobre samba, molhando a goela e acalmando o estômago. Só com coisas de primeira.
Localizado no Morro da Glória (!), na Rua Padre Matias,
aquela que fica justamente em frente a Igreja da Glória, o Paraíso é um típico
buteco mineiro. Conserva o clima tranqüilo e ameno, sem maiores alardes e
frescuras, e tem uma estufa maravilhosa. Coisa que só os melhores butecos ainda
preservam.
Cerveja gelada e realmente barata, diga-se de passagem, com preço
muito melhor do que a maioria dos butecos que rodeiam a região mais central da
cidade .
Dentre as iguarias, destaco uma deliciosa paleta com
batatas, além do pernil e de deliciosas lingüiças mineiras disponíveis logo ali
no balcão. Dona Sônia também nos brinda com um jiló recheado excepcional. É possível
ainda degustar excelentes pastéis de carne e de queijo, sardinhas fritas e
espetinhos mágicos de frango.
Com toda simpatia e presteza ela pode lhe preparar um belo
prato com vários desses tira-gostos ao mesmo tempo, eliminado assim a
necessidade de escolher apenas um.
A mão que toca o violão coloca o limão na sardinha |
O Paraíso é um bom lugar para se comer e beber com fartura, qualidade com preço justo e honesto.
É possível também assistir um futebol e até mesmo escolher uma música para
ouvir na jukebox que a casa oferece. Ideal para aquela cerveja pós-firma, na companhia
de amigos e amigas do coração. Sem dúvida, foi sempre assim que imaginei o
paraíso prometido.
Pastel: carne ou queijo. |