Tradição é tradição - mas esse veja bem, caro leitor - essa não é uma virtude por si só. Tradição se constrói com glórias, feitos, relevância, e principalmente um certo amor contínuo por determinada causa. É assim no futebol, é assim nos botecos de uma cidade.
Provavelmente nenhum cidadão que perambulava pelo então proletário bairro Mariano Procópio, ao final da década de 1920, imaginaria - pelo menos antes de beber e comer por ali -que o Bar Mariano Procópio Ltda. iria render décadas de história, e em 2011, poetas boêmios renderiam-lhe palavras, sem contar a clientela feliz, que mantém a casa cheia e suas mesas disputadas.
O Bar Mariano Procópio, como bar que se preza, acabou ganhando alcunha, no aumentativo pra reforçar a virtude do bar: virou Pró-Copão. Poderia dizer que merece o aumentativo, por que o cardápio de comida é grande, as porções são generosas - de verdade - a variedade de bebidas é surpreendentes, e para quem aprecia como eu, encontra-se uma carta de cachaças pra mineiro algum botar defeito, sempre atualizada e detalhada onde pode-se conhecer maiores detalhes das canas oferecidas.
A foto é do site Cardapios JF - no detalhe, algumas das cachaças oferecidas na casa
Tira-gosto de respeito, meus caros, preza pelo sabor. Enquanto muitos se arriscam em botinadas na sofisticação, o Pró-Copão oferece ingredientes tradicionais, porém de grande qualidade e principalmente em fartura, compondo belíssimas combinações. Seria redundante citar inúmeros pratos, mas cabe sempre exemplificar, com um dos meus prediletos, o Jabá do Jagunço, que traz numa pedra quente, uma combinação incrível de angu de moinho d'água, com queijo derretido, onde repousam deliciosas costelas, pedaços de lombo, linguiças finas ao bacon, molho e torresmo. É a celebração da fartura, com bom gosto e qualidade, sempre. O cardápio é sempre atualizado, ou seja, a casa sempre oferecerá novas opções, mas sempre dentro dessa lógica de fartura e qualidade.
No detalhe: o Jabá do Jagunço. A foto é do site do Pró-Copão
Faz diferença nesse bar, algo que é notório entre bares e botecos de qualidade: a presença do dono. Para além da filosofia de que é "o olho do dono que engorda o gado", isso transparece para mim uma idéia clara que aquilo vai além de um negócio. O dono do bar está lá, ora servindo mesas, ora recepcionando clientes, e sempre preocupado com a qualidade do atendimento e dos serviços. Em tempos onde bares e botecos viraram "bons negócios" e "investidores" colocam grana e vão curtir em outras bandas, essa postura é sempre um alento.
Cresci no bairro Mariano Procópio, em meio aos campos de várzea que por ali perduraram mais tempo que em outras partes da cidade, ao som do trem que cruzava quase de hora em hora aquela terra, nas sombras das palmeiras e jabuticabeiras do parque do Museu Mariano Procópio, e o Pró-Copão estava lá. Curiosamente para nós era natural que depois que nos tornássemos adultos, cheios de responsabilidades e desafios, ele continuaria ali, recebendo gente cheia de fome e sede de coisas boas da vida.
E hoje voltar ao Mariano Procópio torna-se ainda mais saboroso, com uma parada no Pró-Copão.
Conheça mais sobre o bar, acessando o site http://www.procopao.com.br